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Especial - Bonassi fala sobre o roteiro de cinema em palestra na AIC


19/08/2008
Bonassi fala sobre o roteiro de cinema em palestra na AIC

Fernando Bonassi, escritor, diretor e roteirista de cinema e TV, ministrou uma palestra sobre O Roteiro Cinematográfico no Brasil, ontem, na sede da Academia Internacional de Cinema (AIC), no bairro de Higienópolis, em São Paulo. Bonassi falou do processo de realização de um roteiro, sobre sua trajetória profissional, além de exibir dois curtas-metragens que ele dirigiu e roteirizou O Amor Materno (1994) e O Trabalho dos Homens (1998).

As histórias de Os Matadores (1997), Beto Brant, Garotas do ABC (2003), Carlos Reichenbach, Cazuza - O Tempo Não Pára (2004), Sandra Werneck, e Carandiru (2003), Hector Babenco, foram escritas por Bonassi, em parceria com outros profissionais, porém ele afirma que não é autor dos longas, pois seu trabalho como roteirista é ajudar o diretor a contar a história que ele tem em mente. Os pré-requisitos para ser um bom roteirista, na visão dele, são ter uma fértil imaginação visual e habilidade para ser claro na transposição dessas imagens para o papel, pois o roteiro vai servir como instrumento de trabalho para o diretor, atores e demais profissionais envolvidos na filmagem. Além disso, diferentemente do texto literário, o roteiro é realizado sempre tendo em vista o orçamento do filme. “Na literatura, se você tiver 4.000 figurantes ou um personagem custa a mesma coisa”, afirma ele.

Bonassi indica para os profissionais da platéia o livro A Morfologia do Conto Fantástico de Vladimir Propp que, segundo ele, é o melhor livro de roteiro, no qual todos os manuais de narrativa do século 20 se baseiam. Outra dica do roteirista para quem deseja seguir esta profissão é que leia um livro por semana e veja um filme por dia, hábito que Bonassi tem há anos, para manter-se estimulado para a escrita.

Antes de começar a escrever o roteiro de um filme, Bonassi faz uma extensa pesquisa. No caso de Carandiru, realizou uma oficina com os detentos que serviu como uma espécie de laboratório para que ele pudesse escrever os diálogos de forma verossímil. Ele trabalha em parceria com o diretor na realização dos roteiros para cinema. “Nunca escrevi um roteiro que tivesse menos de 25 versões”, afirma ele.

Atualmente, Bonassi integra o quadro de contratados da Rede Globo, onde desenvolve projetos em parceria com Marçal Aquino.